A
expressão “Sociedade da Informação” refere-se a um modo de
desenvolvimento social e económico em que a aquisição,
armazenamento, processamento, valorização, transmissão,
distribuição e disseminação de informação conducente à criação
do conhecimento e à satisfação das necessidades dos cidadãos e
das empresas, desempenha um papel central na actividade
económica, na criação de riqueza, na definição de qualidade de
vida dos cidadãos e das suas práticas culturais”
1
Esta alteração de paradigma vem colocar exigências e
desafios a todos os sectores da sociedade e, em particular à
escola que, como instituição educativa, tem a responsabilidade
de (in)formar para a cidadania.
Assim, a escola, enquanto organização educativa, tem de
se (re)organizar e potenciar todos os seus recursos materiais
e humanos, de forma a cumprir as suas finalidades de
integração social e cultural.
Por isso, as escolas apetrechadas com Bibliotecas
Escolares devem explorar esta valência nuclear como uma
importante mais-valia capaz de contribuir para acelerar o
processo de entrada na Sociedade da Informação. A natureza dos
recursos que dispõem as bibliotecas, dotadas de uma
multiplicidade de meios, equipamentos, documentos,
designadamente os de informação, quando potencializados podem
responder às exigências da escola actual. O Plano de Trabalho
da BE deve configurar estratégias que contribuam para a
alteração das metodologias dos professores, para o
desenvolvimento curricular trabalhado numa óptica transversal,
para melhorar a (auto)formação individual dos alunos;
possibilitar o desenvolvimento de competências no domínio das
literacias, permitindo o acesso, tratamento e produção da
informação em diferentes suportes; apoiar o desenvolvimento de
projectos com recurso às TIC; promover a leitura e incentivar
a escrita e proporcionar actividades lúdicas, recreativas e de
prazer aos alunos.
Torna-se, por isso, incontornável (re)desenhar a
formação (inicial, contínua e especializada) integrando
modalidades, formatos e temas que respondam às necessidades
emergentes de todos os agentes do processo educativo, com
especial destaque para o professor coordenador da BE/equipa e
professores em geral. A necessidade de desenvolver programas
para a integração das literacias, as competências de
informação nas actividades curriculares, é uma realidade que
não pode continuar afastada da actividade pedagógica das
escolas e dos seus profissionais e a elaboração de propostas
de formação, que centrem a planificação na exploração dos
recursos da biblioteca, é uma possibilidade de actualização
dos actores do processo educativo.
No caso concreto da formação em bibliotecas escolares,
esta surgiu após o lançamento do Programa Rede de Bibliotecas
com ênfase na formação contínua de professores, apresentando
contudo muitas fragilidades e assimetrias em algumas zonas do
país. Só mais recentemente tem surgido oferta a nível de
cursos de especialização, embora ainda insuficientes,
atendendo ao número de escolas já integradas no Programa Rede
de Bibliotecas Escolares.
Parece ser consensual que a formação e a permanente
actualização do percurso profissional de qualquer cidadão,
independentemente dos formatos ou modalidades, é
incontornável, num “mundo que no seu conjunto evolui tão
rapidamente que os professores, como, aliás os membros das
outras profissões, devem começar a admitir que a sua formação
inicial não lhes basta para o resto da vida: precisam de
actualizar e aperfeiçoar os seus conhecimentos e técnicas ao
longo da vida”.2
Por isso, os modelos de educação e formação tem
obrigatoriamente de ser repensados com base na informação.3
Na ausência de uma macro-política da administração central
nesta matéria, importa às escolas, aos órgãos de gestão,
coordenadores das bibliotecas/equipa e demais professores, no
quadro da Lei da Autonomia, Administração e Gestão das
Escolas, de acordo com o Dec-Lei nº 115A/98 e através do seu
Conselho Pedagógico alínea e) “elaborar o plano de formação e
de actualização do pessoal docente e não docente, em
articulação com o Centro de Formação de Associação de
Escolas...”, com base nas necessidades da população escolar.
A reforçar a lei já existente a “Estratégia de Lisboa
2010” preconiza um investimento na formação em
determinados domínios identificados como prioridades comuns
dos estados membros: a) professores e formadores do ensino
inicial e adultos, quer em início de carreira quer com
experiência profissional, em especial no que diz respeito aos
métodos de ensino abertos e flexíveis e do e-learning;
à utilização das TIC, à renovação dos programas curriculares
na educação inicial e nos cursos de formação contínua e a
disponibilidade de instrumentos multimédia; b)responsáveis
pelos estabelecimentos de ensino e pessoal administrativo com
vista a apoiar a descentralização curricular e administrativo.
Neste sentido, a mobilização e formação dos recursos
humanos para desempenhar novas tarefas, responder aos novos
desafios é uma emergência que se impõe em todas as esferas da
sociedade e em particular à escola. O reforço da formação
contínua - segundo modalidades tão flexíveis quanto possíveis
- pode contribuir muito para aumentar o nível de competência e
a motivação dos professores. A promoção de contextos de
formação poderá constituir uma estratégia de marketing para a
utilização dos recursos e serviços da biblioteca, com
consequente impacto na qualidade das actividades escolares e
dos seus resultados.
A elaboração de um Plano de Formação flexível e
diversificado quanto às modalidades e temas na área das
bibliotecas escolares é uma estratégia que deve constar no
Projecto Curricular das Escolas. Recorrer a formatos
inovadores, como o caso do e-learning coloca
ainda algumas reservas, quer para as instituições, quer para
formadores e formandos, mas se considerarmos as suas enormes
potencialidades no campo da aprendizagem e da formação,
constataremos que esta modalidade apresenta enormes vantagens:
-
O
e-learning mais do que uma tendência tem vindo a
revelar-se uma metodologia fundamental para as instituições
e empresas que querem garantir a eficácia e a actualização
de conhecimentos dos recursos humanos, que possam responder
aos desafios da emergente Sociedade da Informação.
-
O
e-learning é um processo que aplica o potencial das
tecnologias de informação e comunicação ao desenvolvimento
da aprendizagem e da formação.
-
O
e-learning é uma metodologia de aprendizagem e
caracteriza-se pelo uso da Internet. Os formandos dispõem de
conteúdos pedagógicos de áudiotexto e videotexto com os
quais vão interagir.4
É um
processo personalizado, que permite a flexibilidade em termos
de tempo e espaço. Formador e formando não se encontram
fisicamente no mesmo local, mas ligados através da rede. É
através da Internet que são transmitidos os conteúdos
educativos e é feito o acompanhamento pelo formador.
Vantagens da aprendizagem/formação no formato e-learning:
- Inovar processos de formação;
- Reduzir e racionalizar os recursos;
- Flexibilizar o ensino e a aprendizagem;
- Estudar, atendendo aos ritmos individuais, sem imposição de
horários, nem perdas de tempo em deslocações;
- Tornar os conteúdos mais acessíveis e mais apelativos;
- Permitir uma maior interactividade;
- Tornar mais acessível a valorização pessoal e profissional;
- Permitir o desenvolvimento de competências em áreas
inovadoras
- Promover a auto-formação;
Em Portugal, várias instituições do Ensino Superior
apresentam já há alguns anos experiências significativas nesta
área, como é o caso da Universidade de Aveiro, com o Projecto
Trends, a Universidade Católica, com cursos em TIC, a
Universidade Aberta com cursos de especialização e mestrados,
designadamente na área das bibliotecas escolares, a ESE de
Santarém5 com um curso de
especialização em biblioteca escolares, os Centros de Formação
pertencentes à Malha Atlântica, com o Class Server, O Prof2000
que há vários anos vem realizando formação a distância na
modalidade e-learning, o Centro de Formação
Cenforaz-Oliveira de Oliveira de Azeméis apresenta, para o
próximo ano, uma proposta na área das BEs e o Centro de
Formação Proformar-Almada vem desenvolvendo esta modalidade há
já algum tempo, vai lançar uma acção em bibliotecas escolares
no formato e-learning.
A Formação a Distância no formato e-learning
está a contribuir de forma incontestável para alterar
processos de aprendizagem e formação, remodelar conceitos e
redesenhar conteúdos. A versatilidade e facilidade de uso e de
integração das tecnologias permitem uma grande flexibilidade
no ensino e na aprendizagem.
Os desafios são gigantescos, mas não são
incontornáveis. Esta modalidade pode dar resposta a diferentes
áreas e ser aplicada a contextos diversificados e “el camiño
ce hace al andar...”
António Machado
1) Livro Verde para a Sociedade da Informação, Lisboa:
Ministério da Ciência e Tecnologia: Missão para a 2) Sociedade
da Informação, 1997: p.7
3) Delors, Jacques (coord.). Educação, um tesouro a descobrir.
Lisboa: Editora Asa, 2003:139
4) Mcrozier, 1995 e Lamaire, 1977, citado em em Silva, et al.
2002:17
5)
http://expressoemprego.clix.pt/scripts/indexpage.asp?headingID=4701
6) Em fase de aprovação