Revista Bimensal 
Edição 9 - Maio 05
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Bibliotecas Escolares
E-learning – uma alternativa pedagógica e formativa em expansão
 

 Odília Baleiro
 Rede Bibliotecas Escolares - DGIDC


A expressão “Sociedade da Informação” refere-se a um modo de desenvolvimento social e económico em que a aquisição, armazenamento, processamento, valorização, transmissão, distribuição e disseminação de informação conducente à criação do conhecimento e à satisfação das necessidades dos cidadãos e das empresas, desempenha um papel central na actividade económica, na criação de riqueza, na definição de qualidade de vida dos cidadãos e das suas práticas culturais” 1

Esta alteração de paradigma vem colocar exigências e desafios a todos os sectores da sociedade e, em particular à escola que, como instituição educativa, tem a responsabilidade de (in)formar para a cidadania.

Assim, a escola, enquanto organização educativa, tem de se (re)organizar e potenciar todos os seus recursos materiais e humanos, de forma a cumprir as suas finalidades de integração social e cultural.

Por isso, as escolas apetrechadas com Bibliotecas Escolares devem explorar esta valência nuclear como uma importante mais-valia capaz de contribuir para acelerar o processo de entrada na Sociedade da Informação. A natureza dos recursos que dispõem as bibliotecas, dotadas de uma multiplicidade de meios, equipamentos, documentos, designadamente os de informação, quando potencializados podem responder às exigências da escola actual. O Plano de Trabalho da BE deve configurar estratégias que contribuam para a alteração das metodologias dos professores, para o desenvolvimento curricular trabalhado numa óptica transversal, para melhorar a (auto)formação individual dos alunos; possibilitar o desenvolvimento de competências no domínio das literacias, permitindo o acesso, tratamento e produção da informação em diferentes suportes; apoiar o desenvolvimento de projectos com recurso às TIC; promover a leitura e incentivar a escrita e proporcionar actividades lúdicas, recreativas e de prazer aos alunos.

Torna-se, por isso, incontornável (re)desenhar a formação (inicial, contínua e especializada) integrando modalidades, formatos e temas que respondam às necessidades emergentes de todos os agentes do processo educativo, com especial destaque para o professor coordenador da BE/equipa e professores em geral. A necessidade de desenvolver programas para a integração das literacias, as competências de informação nas actividades curriculares, é uma realidade que não pode continuar afastada da actividade pedagógica das escolas e dos seus profissionais e a elaboração de propostas de formação, que centrem a planificação na exploração dos recursos da biblioteca, é uma possibilidade de actualização dos actores do processo educativo.

No caso concreto da formação em bibliotecas escolares, esta surgiu após o lançamento do Programa Rede de Bibliotecas com ênfase na formação contínua de professores, apresentando contudo muitas fragilidades e assimetrias em algumas zonas do país. Só mais recentemente tem surgido oferta a nível de cursos de especialização, embora ainda insuficientes, atendendo ao número de escolas já integradas no Programa Rede de Bibliotecas Escolares.

Parece ser consensual que a formação e a permanente actualização do percurso profissional de qualquer cidadão, independentemente dos formatos ou modalidades, é incontornável, num “mundo que no seu conjunto evolui tão rapidamente que os professores, como, aliás os membros das outras profissões, devem começar a admitir que a sua formação inicial não lhes basta para o resto da vida: precisam de actualizar e aperfeiçoar os seus conhecimentos e técnicas ao longo da vida”.2

Por isso, os modelos de educação e formação tem obrigatoriamente de ser repensados com base na informação.3 Na ausência de uma macro-política da administração central nesta matéria, importa às escolas, aos órgãos de gestão, coordenadores das bibliotecas/equipa e demais professores, no quadro da Lei da Autonomia, Administração e Gestão das Escolas, de acordo com o Dec-Lei nº 115A/98 e através do seu Conselho Pedagógico alínea e) “elaborar o plano de formação e de actualização do pessoal docente e não docente, em articulação com o Centro de Formação de Associação de Escolas...”, com base nas necessidades da população escolar.

A reforçar a lei já existente a “Estratégia de Lisboa 2010” preconiza um investimento na formação em determinados domínios identificados como prioridades comuns dos estados membros: a) professores e formadores do ensino inicial e adultos, quer em início de carreira quer com experiência profissional, em especial no que diz respeito aos métodos de ensino abertos e flexíveis e do e-learning; à utilização das TIC, à renovação dos programas curriculares na educação inicial e nos cursos de formação contínua e a disponibilidade de instrumentos multimédia; b)responsáveis pelos estabelecimentos de ensino e pessoal administrativo com vista a apoiar a descentralização curricular e administrativo.

Neste sentido, a mobilização e formação dos recursos humanos para desempenhar novas tarefas, responder aos novos desafios é uma emergência que se impõe em todas as esferas da sociedade e em particular à escola. O reforço da formação contínua - segundo modalidades tão flexíveis quanto possíveis - pode contribuir muito para aumentar o nível de competência e a motivação dos professores. A promoção de contextos de formação poderá constituir uma estratégia de marketing para a utilização dos recursos e serviços da biblioteca, com consequente impacto na qualidade das actividades escolares e dos seus resultados.

A elaboração de um Plano de Formação flexível e diversificado quanto às modalidades e temas na área das bibliotecas escolares é uma estratégia que deve constar no Projecto Curricular das Escolas. Recorrer a formatos inovadores, como o caso do e-learning coloca ainda algumas reservas, quer para as instituições, quer para formadores e formandos, mas se considerarmos as suas enormes potencialidades no campo da aprendizagem e da formação, constataremos que esta modalidade apresenta enormes vantagens:

  • O e-learning mais do que uma tendência tem vindo a revelar-se uma metodologia fundamental para as instituições e empresas que querem garantir a eficácia e a actualização de conhecimentos dos recursos humanos, que possam responder aos desafios da emergente Sociedade da Informação.

  • O e-learning é um processo que aplica o potencial das tecnologias de informação e comunicação ao desenvolvimento da aprendizagem e da formação.

  • O e-learning é uma metodologia de aprendizagem e caracteriza-se pelo uso da Internet. Os formandos dispõem de conteúdos pedagógicos de áudiotexto e videotexto com os quais vão interagir.4

É um processo personalizado, que permite a flexibilidade em termos de tempo e espaço. Formador e formando não se encontram fisicamente no mesmo local, mas ligados através da rede. É através da Internet que são transmitidos os conteúdos educativos e é feito o acompanhamento pelo formador.

Vantagens da aprendizagem/formação no formato e-learning:

- Inovar processos de formação;
- Reduzir e racionalizar os recursos;
- Flexibilizar o ensino e a aprendizagem;
- Estudar, atendendo aos ritmos individuais, sem imposição de horários, nem perdas de tempo em deslocações;
- Tornar os conteúdos mais acessíveis e mais apelativos;
- Permitir uma maior interactividade;
- Tornar mais acessível a valorização pessoal e profissional;
- Permitir o desenvolvimento de competências em áreas inovadoras
- Promover a auto-formação;

Em Portugal, várias instituições do Ensino Superior apresentam já há alguns anos experiências significativas nesta área, como é o caso da Universidade de Aveiro, com o Projecto Trends, a Universidade Católica, com cursos em TIC, a Universidade Aberta com cursos de especialização e mestrados, designadamente na área das bibliotecas escolares, a ESE de Santarém5 com um curso de especialização em biblioteca escolares, os Centros de Formação pertencentes à Malha Atlântica, com o Class Server, O Prof2000 que há vários anos vem realizando formação a distância na modalidade e-learning, o Centro de Formação Cenforaz-Oliveira de Oliveira de Azeméis apresenta, para o próximo ano, uma proposta na área das BEs e o Centro de Formação Proformar-Almada vem desenvolvendo esta modalidade há já algum tempo, vai lançar uma acção em bibliotecas escolares no formato e-learning.

A Formação a Distância no formato e-learning está a contribuir de forma incontestável para alterar processos de aprendizagem e formação, remodelar conceitos e redesenhar conteúdos. A versatilidade e facilidade de uso e de integração das tecnologias permitem uma grande flexibilidade no ensino e na aprendizagem.

Os desafios são gigantescos, mas não são incontornáveis. Esta modalidade pode dar resposta a diferentes áreas e ser aplicada a contextos diversificados e “el camiño ce hace al andar...”
António Machado
 

 


1) Livro Verde para a Sociedade da Informação, Lisboa: Ministério da Ciência e Tecnologia: Missão para a 2) Sociedade da Informação, 1997: p.7
3) Delors, Jacques (coord.). Educação, um tesouro a descobrir. Lisboa: Editora Asa, 2003:139
4) Mcrozier, 1995 e Lamaire, 1977, citado em em Silva, et al. 2002:17
5) http://expressoemprego.clix.pt/scripts/indexpage.asp?headingID=4701
6) Em fase de aprovação