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A Biblioteca
Escolar: aproximação a um conceito
Ana Bela Martins e Rosa Martins
Rede Bibliotecas
Escolares - DGIDC
Reflectir sobre a
importância e o papel da biblioteca escolar no âmbito da
sociedade contemporânea em geral, e do sistema educativo e da
escola em particular, constitui, ainda que de forma sucinta, o
objecto deste artigo.
Numa sociedade em mudança, caracterizada pela
introdução de novos dispositivos tecnológicos que vieram
modificar a forma como vivemos, como comunicamos, como lemos e
como nos relacionamos socialmente, as bibliotecas escolares
devem constituir-se como lugares de democratização,
facilitadores do acesso a equipamentos e recursos de
informação capazes de responder aos novos desafios e às novas
literacias que a Sociedade da Informação exige.
A educação é, hoje, entendida como um processo global,
contínuo, não confinado a um tempo e espaço único – a escola.
O seu papel altera-se, para além de transmissora/mediadora do
conhecimento, deve associar na prática pedagógica, a aquisição
das competências que permitam à criança e ao jovem, aprender,
adaptar-se a um mundo dinâmico. O sistema educativo procurou
responder às mudanças referidas, introduzindo o conceito de
aprendizagem ao longo da vida, para o qual remete o perfil de
competências do aluno à saída do ensino obrigatório.
As bibliotecas escolares representam, quer no contexto
da comunidade em geral, quer no escolar, resposta às múltiplas
alterações socio-económicas, culturais e tecnológicas
ocorridas nos nossos dias, indutoras de novas formas de acesso
e construção do conhecimento, de novas práticas culturais e de
lazer. Assim, também estas vivem um tempo de mutações
profundas, resultantes das transformações introduzidas pela (co)habitação
entre os meios tradicionais de mediação da informação e os
novos media.
Na tentativa de uma definição, a biblioteca escolar
deve ser encarada como uma realidade em processo:
- Em processo de integração
nas políticas educativas e nas prioridades políticas dos
governantes;
- Em processo de
interiorização valorativa por parte da escola – órgão de
gestão e professores, contrariando a inércia resultante de
uma cultura enraizada de não inclusão da documentação no
acto pedagógico e nas aprendizagens dos alunos;
- Em processo de mudança do
próprio conceito, resultante de uma reconfiguração
tecnológica e social, decorrente da introdução das TIC e da
explosão da informação, com o surgimento da comunicação em
rede e da Internet.
A biblioteca escolar
cumpre, neste novo ambiente de aprendizagem, funções
múltiplas, para as quais deve encontrar os parceiros
adequados, de acordo com as práticas a desenvolver. O órgão de
gestão da escola, enquanto decisor a um nível macro no quadro
da instituição escolar, assume-se como fundamental no
interface entre a escola, a apropriação da biblioteca escolar
e a sua integração nas estruturas pedagógicas e funcionais e
no processo global de ensino/ aprendizagem. O apoio e empenho
colocado pelo Conselho Executivo no desenvolvimento da
biblioteca escolar determinam, em última análise, o sucesso ou
insucesso do projecto.
Por outro lado, o apoio curricular, a abordagem a
metodologias activas promotoras da autonomia, conferindo à
biblioteca um papel central no processo ensino-aprendizagem,
concretizam-se na articulação entre professores e equipa da
biblioteca, na planificação conjunta de acções integradoras
dos processos de pesquisa, na formação de utilizadores para o
uso da informação, nas práticas pedagógicas, dentro e fora da
sala de aula, contribuindo de forma efectiva para o
desenvolvimento das competências necessárias à aprendizagem ao
longo da vida.
Finalmente, não podemos deixar de referir a importância
da leitura enquanto competência prévia e transversal a todo o
conhecimento e, ainda, o seu duplo papel na formação
intelectual e emocional do indivíduo. A necessidade da sua
valorização, assim como de todas as acções que induzam a sua
prática, remete-nos mais uma vez para a da biblioteca escolar.
Equipa e comunidade educativa em geral, encontram ali, o
espaço e os recursos adequados ao desenvolvimento de projectos
que permitem a formação e consolidação de hábitos de leitura.
Hoje, mais do que em qualquer outro momento da história da
humanidade, a leitura reveste uma importância crucial no
desenvolvimento pessoal e social. A leitura não funcional ou
instrumental é decisiva para estimular a imaginação, os níveis
de apropriação da língua e a metacognição. Formar leitores
competentes e para a vida é, sem dúvida, responsabilidade da
escola. Leitores para a vida, aptos a enfrentarem e lidarem
criativamente com uma sociedade, que lhes exige
adaptabilidade, capacidade de resposta a novas situações e
construção permanente do conhecimento.
Para que os múltiplos domínios da biblioteca e a sua
transversalidade se concretizem, diferentes aspectos devem ser
considerados. Da interacção/comunicação com a comunidade, à
formação de utilizadores, à gestão do espaço e da colecção,
aos recursos humanos, ao funcionamento e à avaliação, a
biblioteca percorre caminhos diversos mas complementares, que
merecem análise mais detalhada, em futuras abordagens.
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